Juiz e poeta de rara sensibilidade, Denival Francisco da Silva* inspira-se em Mário Quitana (O poeta canta a si mesmo) para iluminar o ato de julgar
O JUIZ JULGA A SI MESMO
O juiz julga a si mesmo
porque é nele os olhos morais,
tem os rancores e valores de
tempos vencidos
e toda carga dos preconceitos sociais.
O juiz julga a si mesmo
porque num único ato
decide -fria e insensivelmente-
números e números, papéis e mais
papéis, sem vida.
Porque seu coração é um cofre
fechado a todos os sentimentos:
à dor, á lágrima, ao amor.
Porque além de si mesmo
ele não sabe nada
ou que Deus habita os mais
humildes e desvalidos.
O juiz julga a si mesmo
de forma onipotente
com o toque de um martelo
e como se a toga fosse o sol
poente.
* Denival é juiz estadual em Goiás, fundador e presidente do GEPeC (Grupo de Estudo e Pesquisas Criminais)
Lindo. Deveria ser distribuído para os os juízes que atuam principalmente na área criminal. Para que que vissem que diante deles está sentado um ser humano. Com seus erros e acertos. E que devem pagar no grau de sua culpabilidade.